quinta-feira, maio 08, 2008

O pensamento do Outro.

Eu aposto que você já disse pelo menos alguma vez na vida que não está nem aí para o que não-sei-quem pensa a seu respeito.

E nesse dia, meu caro amigo, você mentiu.

Uma das maiores falácias da contemporaneidade é a auto-confiança. Eu não conheço ninguém realmente seguro de si: conheço, sim, alguns bons mentirosos, que convencem a quase todo mundo, e inclusive a si próprios, que não se importam com o que os outros pensam. Mas se importam. Ah, e como se importam...
O seu chefe, o seu vizinho, o amigo do seu amigo, o cara gatinho do trabalho, o professor de alemão e o síndico do prédio pensam alguma coisa a seu respeito. E você continua dizendo pra todo mundo que está se lixando pra isso. Será? Será que não faz mesmo a menor diferença para você que o seu síndico te ache um cretino, que o seu chefe te ache um encostado e que o cara gatinho do trabalho te ache uma loser?
Duvido. DU-VI-DO.

E você se arruma e se maquia mesmo estando sem o menor saco porque não quer que ninguém perceba que está deprimida. Você lê aquele resumo insuportável dos Sofrimentos do Jovem Werther só pra ter o que conversar com o professor de alemão. Você baixa o tom da voz quando faz uma piada suja pro síndico não ouvir. E, como bem lembrou o JM em seu blog, você é exatamente como a "girl in her bedroom who poses in front of the camera she's awkwardly holding in her outstretched hand. She'll take a hundred photos until coming up with one she's happy with, which inevitably looks nothing like her, and after she's done poring over images of herself, will post one on her myspace page and then write something like " I don't give a f*ck what you think about me." " Hahaha!! Parece piada...

As pessoas são mesmo tão iguais... Eu e você, o John Mayer e as celebridades todas. O chefe, o síndico e o gatinho do trabalho. Minha mãe e o professor de alemão. E a gente se esforça tanto pra ser diferente, pra ser único no mundo, pra ser marcante. O mesmo esforço, unindo o mesmo tipo de gente.

E todo mundo fingindo que não está nem aí se não está sendo visto. Mas sem tirar a melancia da cabeça.


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