sexta-feira, abril 27, 2007

Samirah.

A outra estava há tanto tempo amordaçada, enjaulada num canto escuro da minha vida, que já quase me esquecia de sua existência. Mas a uns dias atrás a mordaça se rasgou, e desde então ela tem urrado desesperadamente o meu nome. Grita pedindo que eu a solte, que eu a deixe sair. Mas não. Melhor não. Não preciso mais de todas as coisas que ela sabe, e que eu sei que me machucam. Não preciso mais dessa coisa pequena, que antes me parecia tanto, e que eu achava que ia me fazer tão feliz e não fez. Não preciso desses livros, desses textos, dessas rezas, desse lixo. Não preciso. Preciso do silêncio da minha casa, da voz dos meus amigos. Preciso das canções comuns, dos livros de estudo. Preciso de pensamentos comuns, amores comuns. Dos programas da TV, dos quebra-cabeças distraídos. Dos risos queridos e inalterados. Preciso da lucidez constante, da lucidez sempre presente, mesmo quando parece que não.
Enfim.
Fica quieta aí, e cala a boca.

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