quinta-feira, junho 15, 2006

Agora eu vou falar

Eu estive pensando sobre essa coisa toda da criminalidade geral, do Congresso sendo depredado, São Paulo parada, mensalão impune, o tráfico engolindo as crianças no Rio... e me deu uma vontade imensa de gritar, que é pra ver se alguém acorda, se alguém se dá conta do absurdo dessa situação.

Porque tem muito mais gente de bem nesse país do que bandido. E se as coisas estão do jeito que estão, é por OMISSÃO das pessoas de bem. Nós, os honestos, os trabalhadores, somos a maioria. E NÓS estamos nos acuando diante dessa minoria, que até pode ser perversa e audaciosa, mas que só tem em nosso país o espaço que damos a ela. A criminalidade – em todos os seus aspectos, na rua e na política – cresce à exata medida em que “deixamos barato”, em que “deixamos passar”, em que achamos que “o negócio é votar no menos pior, porque todo político é ladrão mesmo”, que “não compensa prestar queixa”, que “o importante é que ninguém saiu ferido do assalto”. Enquanto a gente vai se acostumando ao crime, o crime vai se acostumando ao poder, e fica cada vez mais difícil consertar as coisas. Enquanto a nossa revolta durar apenas o tempo do noticiário nada mudará. Indignação resignada de nada serve, porque não é força motivadora, não provoca mudança. A gente tem se calado diante de coisa demais. Nenhum de nós se sente representado pelos políticos que elegemos, mas simplesmente continuamos a elegê-los porque julgamos não ter outras escolhas.

Talvez a verdade seja que nós temos preguiça de fazer a nossa parte, e acabamos sempre esperando que outro a faça, e acaba que ninguém faz nada. E como ninguém faz nada, a gente prefere se acostumar a uma situação cada vez pior a ter que ter o trabalho de fazer o que nós comodamente julgamos ser obrigação de outro.

E isso me lembra uma propaganda que circulou em um canal de TV a alguns anos atrás, que dizia que “a culpa pode até não ser sua, mas a responsabilidade é.”

P.s.: Um país para o qual a Copa do Mundo é um evento mais importante que as eleições presidenciais só poderia ser o que é, mesmo: um bando de pentacampeões famintos e pessimamente governados.

Nenhum comentário: