quinta-feira, julho 19, 2007

Trouxildes!

Nossa, tava lembrando das nossas conversas filosóficas (pelo menos a gente achava que eram filosóficas!!) dos tempos do segundo grau.. aí eu me dei conta da quantidade de tempo que se passou desde a última vez em que conversamos de verdade. Eu nem me lembro quando foi... me deu uma certa melancolia de pensar nas pessoas que vão se afastando lentamente, sem que se perceba, e que um dia se dão conta de que já não são mais do que conhecidos... é incrível a distância enorme que existe entre o Gustavo da minha imaginação - que ainda hoje é tão meu amigo, porque foi forjado pela minha memória, com quem eu tinha liberdade para falar sobre qualquer coisa, até sobre a minha paixão louca e na época aparentemente irrealizável pelo Drão, quando eu fracassava terrivelmente em querer conter meu choro - e o Gustavo do mundo real, esse que é você de fato, com quem eu já há vários anos não travo diálogos mais longos do que cinco minutos compostos por piadas de ocasião. Prefiro o primeiro. Olho para o segundo e me sinto incomodada; não o reconheço, não consigo reuni-lo com a projeção mental que faço dele. Não consigo legitimá-lo enfim, embora seja muito mais verdadeiro do que o meu espectro particular.
Sinto falta se sermos como éramos, se é que éramos do jeito que me recordo. O ser humano tem o estranho hábito de carregar as tintas de algumas lembranças, fazê-las muito mais significativas do que realmente foram quando ocorreram. Independentemente disso, merecidamente ou não, você hoje está no rol das pessoas por quem nutro um silencioso querer-bem. Eu espero que esteja bem, que esteja feliz. E que saiba que, ainda que apenas na minha imaginação, você opina sobre tudo o que me angustia. Exatamente como agora.

quarta-feira, julho 18, 2007

Ainda.

Então. Hoje, nove dias depois do último post, entra aqui na Embaixada uma brasileira dizendo que era um absurdo, que qualquer outro país jamais admitiria isso. E eu ingenuamente perguntei:

- Admitiria o que???

- A Bandeira!!! Está de cabeça para baixo!!!

(imagina o Marmud sendo degolado. Muito ódio.)

segunda-feira, julho 09, 2007

Marmud e os Símbolos Pátrios

Marmud é o motorista e faz-tudo aqui da Embaixada. Nao lê nem escreve, mas se vira que é uma beleza. É também o responsável pela troca das bandeiras. Adoro. Na verdade ele se chama Mohammadd, mas era muito complicado, então batizei de Marmud e ficou tudo certo. Enfim.


Hoje, chegando na Embaixada depois do almoço, eu e ele travamos o seguinte diálogo:

-Marmud, a Bandeira tá de cabeça para baixo!
-Tá não!

-tá sim, Marmud, olha lá!!

-Tá não, madame, é assim mesmo!

-Não, Marmud, tá de cabeça para baixo!
-Não, é que essa aí é maior do que a que a gente normalmente usa.
-Marmud, olha aqui.(Mostro a imagem da bandeira no laptop) A Bandeira é assim, ó!!

- Então!
- Voce tá colocando assim, ó!! (vira a imagem de cabeça para baixo pra ele entender)Viu??

- Ah, não, mas isso aí tanto faz!

- ?!?!?!!

(Muito medo dos contratados locais.)

domingo, julho 01, 2007

A valsa das palavras

À noite, quando o quarto está escuro e as portas estão trancadas, as palavras dançam ao redor da cama. Vão e vem, flutuando ao pares, os passos marcados por uma inaudível melodia. Em diversos tamanhos e fontes e cores, as palavras se abraçam em frases inusitadas e belas, das quais me esqueço na manhã seguinte.